Histórias de Superação – por Juliana Medeiros

Foram quase 6 anos, 3 cirurgias, extração de 4 sisos, aparelho fixado no céu da boca, placa de ancoragem, aparelho nos dentes, elásticos e etc. Muita dor física, desconforto, frustrações. Foram anos de dedicação, perseverança, confiança e fé no processo. Tive muita ajuda no caminho, e sou extremamente grata por todos!
Quem conhece a minha história sabe: não foi fácil chegar até aqui! Uma sucessão de informações equivocadas fez com que um problema simples de resolver na infância se tornasse um tormento cuja solução seria somente cirúrgica. Um problema respiratório causou a formação de uma mordida cruzada severa, que por sua vez, causou apinhamento dos dentes, assimetria esquelética, sobrecarga da maxila, desgaste da cartilagem, dor, disfunção e problemas estéticos.
A cirurgia era cara, invasiva, dolorosa e de recuperação difícil, requeria estabilidade financeira, ocupacional, familiar e emocional para poder acontecer. Foram anos para chegar às condições ideais, consultas com 22 especialistas (sim, eu procurava alguém que me dissesse que eu não precisava da cirurgia!). Empecilhos com planos de saúde: contratei um, paguei por vários meses e fui demitida injustamente na véspera de vencer a carência para a cirurgia .
Depois daí foram anos até conseguir essa estabilidade. Nessa busca precisei de ajuda significativa na terapia para romper com os padrões autoderrotistas que insistiam em me fazer acreditar: “Não vai adiantar nada!”, “Não tem solução!”, “Tu não vai conseguir trabalhar”, “O que adianta arrumar os dentes se tu é toda errada?”. Vamos parar por aqui! Já deu para perceber que era o esquema de Defectividade e a voz crítica internalizada que me dominava e fazia me sentir não merecedora de cuidar de mim mesma do jeito que eu precisava.
Em 2016, quando finalmente consegui romper esse padrão e me permitir, fiz a 1ª cirurgia, fiquei com um diatrator fixado ao palato e precisava ficar “catraquiando” o aparelho para ir expandindo a mordida, resultado disso: fase Bob Esponja! O espaço no meio dos dentes da frente foi crescendo e vida que segue . Dor, inflamações, desconforto e… a cirurgia não corrigiu o suficiente! .
Depois de 6 meses de sofrimento, ainda tinha muito trabalho pela frente, meu ortho foi incansável, precisei fazer uma outra cirurgia para remover o distrator, depois outra para instalação de uma placa de ancoragem. E gente, pensa num negócio que requer engenharia hahah, puxa pra lá, puxa pra cá, ancora aqui e ali, elástico puxando pra tudo que é lado e eis que no último ano de tratamento meu ortho descobre uma doença ocupacional e precisa se afastar da profissão!
Fiquei muito triste por ele e assustada por mim, estávamos quase terminando, os pensamentos negativos vieram de novo e foi necessário me amparar na autonomia e confiança até então desenvolvida, lapidada pelos desafios dos anos anteriores: “eu já passei por coisa muito pior e consegui, eu consigo lidar com isso também!”.
Veio a pandemia, os últimos procedimentos precisaram esperar, somada a toda necessidade de terminar meu processo veio a necessidade de autopreservação, por fim, 2021: última cirurgia, últimas extrações. Mais uma semana de inchaço e no dia 22/09/21 finalmente retirei o aparelho e sigo em acompanhamento de rotina. Liberdade!
Queria dizer que foi fácil chegar até aqui, mas claro que não foi! O resultado compensa demais, e não pela estética, mas por ter me permitido fazer tudo isso por mim! Por ter aberto a porta do autocuidado e por enxergar beleza e amor onde sempre existiu. Esse é o maior resultado para mim: reconhecer onde podemos chegar movidos pelo amor e respeito por nós mesmos.
Já amava sorrir antes, agora meu sorriso também me lembra que eu me amo, e que vale à pena!
De coração, para vocês, Ju! ❤️
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